O ritmo acelerado do mundo e seus impactos invisíveis
Vivemos uma era de aceleração constante. Os dias passam rapidamente, as notificações nunca cessam e a mente raramente encontra descanso. A ansiedade, que antes era vista como um estado momentâneo, agora tem se tornado uma condição constante para muitas pessoas. O mundo moderno, com seus estímulos excessivos e demandas inalcançáveis, cobra um preço alto da nossa saúde mental. E, muitas vezes, nem percebemos que certos hábitos rotineiros são os grandes responsáveis por intensificar essa sensação de urgência e inquietação.
Conteúdos acelerados e como eles afetam o cérebro
Entre os vilões mais silenciosos estão os conteúdos que consumimos. O hábito de assistir vídeos acelerados, por exemplo, tem ganhado popularidade nas redes sociais, mas pode contribuir para a redução da tolerância ao tédio e dificultar a concentração — o que, por consequência, alimenta a ansiedade. Um estudo da University of California (2023) mostrou que o consumo frequente de vídeos curtos ou acelerados reduz a capacidade de manter o foco e causa um aumento significativo no nível de ansiedade em jovens adultos. Isso acontece porque o cérebro se acostuma com estímulos rápidos, tornando a vida cotidiana menos interessante e mais frustrante. Outros hábitos modernos, como checar redes sociais ao acordar ou responder mensagens imediatamente, também criam um estado de constante alerta mental.
Mudanças simples que ajudam a reduzir os sintomas
Mas é possível inverter esse cenário. Pequenas mudanças na rotina podem promover alívio e equilíbrio emocional. Veja alguns hábitos que têm mostrado eficácia na redução dos sintomas da ansiedade:
- Estabelecer limites de tempo para redes sociais, especialmente à noite;
- Praticar atividades de respiração consciente e meditação guiada por ao menos 5 minutos diários;
- Reduzir o consumo de vídeos acelerados e optar por conteúdos mais lentos e reflexivos;
- Criar uma rotina de autocuidado desacelerada, como tomar um banho mais demorado ouvindo música suave;
- Dormir longe do celular e iniciar o dia com um momento de silêncio, leitura ou café com atenção plena.
O reencontro com o equilíbrio interior
Adotar esse novo olhar sobre a rotina exige intenção e, acima de tudo, compaixão consigo mesma. Afinal, não somos máquinas programadas para produtividade sem pausa. O cérebro precisa de intervalos, o coração de sossego e a alma de silêncio. As redes sociais podem continuar sendo um lugar de informação e diversão, desde que não tomem conta de todos os seus momentos. Ao observar seus próprios comportamentos e fazer escolhas conscientes, você pode transformar pequenas ações em grandes mudanças para sua saúde mental — e, talvez, reencontrar uma paz que nem lembrava mais que existia.
Referências:
UNIVERSITY OF CALIFORNIA. Short-form video content increases attentional switching and anxiety. Journal of Digital Psychology, 2023.
KILLINGSWORTH, M. A.; GILBERT, D. T. A wandering mind is an unhappy mind. Science, v. 330, n. 6006, p. 932, 2010.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Mental health and COVID-19: early evidence of the pandemic’s impact. WHO, 2022.