Especialistas dizem que há muitos fatores para considerar em um relacionamento, além da atração física e da afeição. As prioridades, os objetivos de vida, os gostos em comum e os valores são alguns deles. Mas será que é possível gostar muito de alguém e ainda assim não ter compatibilidade com essa pessoa?
Segundo a psicóloga e terapeuta de casais Mariana Del Monte, a compatibilidade entre casais pode envolver interesses, afinidades ou não afinidades, hobbies e valores. A grande questão é entender como gerenciar essas diferenças. “Se as diferenças são gerenciáveis, podemos ampliar essa compatibilidade no relacionamento. Se não, o relacionamento será muito mais conflituoso”, afirma.
Compatibilidade em Casais
De acordo com Mariana, a compatibilidade entre um casal interfere na qualidade do relacionamento e na sustentabilidade da relação. “Quando o casal é mais compatível em personalidade, valores, crenças, objetivos de vida, gostos e afinidades, a relação será muito mais fluida. A comunicação vai fluir melhor e haverá mais satisfação, prazer no relacionamento e mais facilidade de crescer juntos, porque o casal estará alinhado”, explica a especialista.
Como Lidar com as Diferenças no Relacionamento?
Para a psicóloga Thirza Reis, não há problema em haver diferenças entre o casal. “Quando você começa uma relação, algo no outro despertou seu interesse. Então, algum nível de compatibilidade sempre há, ainda que seja por projeção. O importante é atravessar essa projeção inicial para uma compatibilidade real, sustentável e respeitosa”, diz Thirza.
A psicóloga aponta que uma das coisas mais importantes em um relacionamento é a abertura para o outro. “Às vezes, as pessoas têm pontos de vista diferentes, mas o desejo de construir uma relação que seja agradável para ambos, sem anular o outro ou a si mesmo, é compartilhado. Essa abertura pode construir uma compatibilidade mesmo quando ela não existe inicialmente”, afirma Thirza.
Sinais de Alerta para Incompatibilidade na Relação
Se a compatibilidade é indispensável, como saber quando o relacionamento é incompatível? Para a psicóloga e terapeuta de casais Mariana Del Monte, há alguns sinais que podem ser um alerta dentro da relação, como instabilidade emocional e muitos altos e baixos.
- Namoros instáveis emocionalmente;
- Relações com “gangorras emocionais”;
- Escolha de parceiro baseada em feridas emocionais não resolvidas.
Mariana conta que muitos estudos mostram como a escolha do parceiro amoroso é inconsciente. “Quando a pessoa não está madura e não trabalhou suas pendências emocionais, ela vai levar essas feridas para a escolha amorosa e para o relacionamento, e essas feridas estarão em evidência”, explica.
Quando a Falta de Compatibilidade Leva ao Fim do Relacionamento
Mariana Del Monte trabalha com casais há 23 anos e afirma que cada caso é diferente. “Tem casais que casam incompatíveis, mas depois de trabalhar o lapidar da personalidade e desenvolver habilidades e recursos relacionais, encontram uma maior compatibilidade. Mas também já atendi casais que não conseguem construir essa compatibilidade”, diz a terapeuta.
Segundo ela, há casais incompatíveis que não conseguem gerenciar os conflitos, mesmo depois de buscar ajuda profissional. “Se já tentaram por um tempo e não conseguiram, talvez seja um sinal de incompatibilidade. Quando os estilos de vida são conflitantes nas escolhas de hábitos e na organização de vida e objetivos futuros, como ter ou não ter filhos, é mais difícil”, explica a terapeuta.
No entanto, para a especialista, é sempre importante tentar. “O que acontece muito é que, sem nem ter tentado nada, o casal já se separa no namoro ou no começo do casamento”, diz ela.
Para Thirza Reis, mesmo com incompatibilidades como diferentes estilos de vida, é possível ter uma relação viável. “Mas o nível de esforço vai ser muito maior. O mais importante não é a compatibilidade em si, mas a disposição e a abertura para o outro. Se não houver compatibilidade nisso, o casal está em apuros”, alerta.
Segundo a especialista, se a incompatibilidade está no desejo de estar junto, é melhor que cada um siga seu caminho. “A única incompatibilidade realmente difícil de ser transposta é essa. As outras, se há disposição, desejo e abertura para construir das duas partes, conseguimos superar”, conclui.